sábado, 27 de março de 2010

Memórias

No deserto campo
Em que habita a alma,
A invisível realidade!
Seria apenas brisa que bate
Ou calafrio de saudade?

Passada já por mim a brisa,
Restou apenas a lembrança
Que carece de esperança
De voltar a ser um dia carne...

quarta-feira, 24 de março de 2010

Rastros

De passos errantes
Caminha a humanidade!
Entre zumbis ambulantes
E sanguínea vaidade.

Miséria herdada

Na esperança da colheita em pedaços
Caminha um povo manco, insustentado!
Massivamente explorado
E miseravelmente herdado...
Infrutífero suor que implora
Dessa gente, que calada chora
Na carne que tem agüentado
Resistir como se fosse gado...

sábado, 20 de março de 2010

Restos humanos

De uma caótica humanidade,
Restaram apenas bandeiras erguidas,
Numa falsa superioridade,
Manchadas violentamente
De sangue e desigualdade
D’um povo já indiferente:
Escravos de um poder que mata
A vida de sua própria gente...

sexta-feira, 19 de março de 2010

Ruas de afeto

Pessoas passam urgentes
Deixando seus rastros carentes
De afeto por uma rua, já vazia,
Depois de as sustentar, noite e dia,
No corre-corre do dia a dia,
Com seu solo pisoteado,
Acolhendo inevitavelmente
Garotos de infância perdida
Cobertos por um sonhar descrente
E expostos em qualquer esquina.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Um minuto de silêncio...

Instante de clemência inútil:
O respeito à ausência
Que cala a ignorância,
Interrompendo por hipocrisia
O lamento dos sem importância

Aqui jaz mais um João!
Apenas a lembrança em vão
Das marcas da sua mão,
Expostas invisivelmente
Nos edifícios que construiu,
Erguidos inutilmente...

Alcançaria o céu agora
Ou seria eternamente
O desencanto de seu expediente?

domingo, 14 de março de 2010

Poesia

Alma exposta
Em palavras,
Como resposta
À vida,
Que em idéias floresce!
A inspiração descrita,
Que aleatoriamente cresce
Na infinitude do sentimento
Subjetivamente explícito
Tocando de novo a alma por um momento.

sexta-feira, 12 de março de 2010

O salto

Por caminhos de mistério
Pelos quais vaga a vida,
Deixou seus graves restos...
No coração, a ferida!
Tenebroso vazio que lhe invadia
Por ter aquela alma vadia...
Sentiu profundo arrependimento,
Tão profundo que a carne atingiu!
Respirou por um momento,
Pulou e ninguém mais o viu...
Enfim, o vazio exposto!
A importância inútil da tragédia, crua,
Demonstrando todo seu desgosto...
Por ele interditou-se toda uma rua!

quinta-feira, 11 de março de 2010

Vida!

Olhava pela janela...
Vida correndo!
Sumiu, deixando
Apenas os restos
De uma ausência
Ignorando minha clemência
Transbordando impaciência...

quinta-feira, 4 de março de 2010

Preguiça cega

Num dia tranqüilo,
A preguiça solta berros
Fingindo ligar
Para o ingrato destino
Pois é mais fácil ser cego
Do que enxergar!

quarta-feira, 3 de março de 2010

Miragem de um momento

Uma brisa se faz carnal,
Num horizonte de esperança!
Ou voaria pelo vazio da lembrança?
Avisto uma miragem monumental:
Inspiração aos poetas fundamental,
Em seu efeito mais cruel,
Levando-me ao mais furioso céu,
Entre nuvens de decepção...
Intocável fatalidade!
Toca apenas o coração
Num instante de saudade!...