quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Na beira do mar... (trova)

É num vazio imenso
Que a plena liberdade
Vem trazer, entre acasos,
Banhos de felicidade!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Saudade (haicai)

É alma sem corpo,
Pedindo para que volte
A paz de ser dois.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Amor? (Trova)

Grande amor que te dei...
Jogou fora sentimentos
Dos mais puros e sinceros!
A mim, restaram lamentos...

Campos de amor (Trova)

Das rosas, só os espinhos
Restaram no caminhar...
Hei de plantar, paciente,
Campos d’amor a brotar!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Cotidiano carioca (em haicais)

A todos os mitos,
Peço proteção e paz
Ao povo que chora...

Vítimas da guerra
São alvos cotidianos...
Só resta rezar!

O Redentor ergue
Seus braços, que imploram
A paz na cidade!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Vergonha... (haicai)

- Perdão, por favor,
Por minha indiscrição;
Disse Timidez.

Amar (haicai)

Amor é um sonho
Sem razão ou solução...
Isolado, mata!

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Longe de ti?

Suplico, sim, tua presença ingrata,
Pois meus desejos já não te alcançam,
Ecoando versos dispersos pela indiferença...

Do vazio que sinto, a infeliz crença
De que tua falta é um destino que mata
Minha alma sem par, que, no peito, é chaga...

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Feriado

Abandono-me por um instante...

Uma preguiçosa paz ignora minha rotina
E invade meu ser, no silêncio que habita
O sentir vazio de lembranças esquecidas
Na presença de idéias futilmente perdidas.

...Seria este o descanso de uma alma inquietante?

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Um último domingo de paz

O dia surgia lentamente, meio que sem vontade. Na janela, a admirar, lá estava um idoso aposentado que, às cinco horas da manhã, havia levantado aflitamente do seu leito confortável, com a impressão de uma calma melancolicamente monótona que estaria por vir.

Lembrava-se do tempo em que conseguia ver o horizonte azul do mar da varanda de sua casa, que o preenchera, naquele instante, de uma alegria que não voltaria jamais, pois, na sua frente, havia apenas um tom de cinza morto e inerte dos prédios blindados, com o qual se deparou ao abrir os olhos, suspirando como se o encanto de suas lembranças fosse quebrado.

Queria se livrar dos prédios, barreiras concretas que sufocavam sua memória. Resolveu, então, caminhar pelo calçadão da praia mais próxima, que ficava a menos de dois quarteirões de sua casa.

Chegando à praia, despejou uma lágrima, emocionado com o dia ensolarado que se abrira diante dos seus olhos, agora ainda mais próximos do mar, que refletia uma luz como se iluminasse um caminho em sua direção.

Passou o dia na praia. Estava na companhia do Sol e sentia-se levado pelo caminho infinito de luz às ondas que, vez ou outra, batiam na areia como o palpitar do seu coração.

Em silêncio, despedia-se do Sol, que parecia não querer ir embora, pois lentamente descia do seu posto magistral no céu.

Já era noite quando o idoso voltava para casa, com enorme satisfação, o que não sentira desde muito tempo, pois desde muito tempo fora mal humorado e raramente saía de casa, com seus sentimentos trancados no peito e raramente compartilhados.

Chegando em casa, tomou um banho, imaginando-se na imensidão do mar. Dormiu num sono profundo, tão profundo que rendeu-lhe sonhos.

Dormiu em paz, enfim. Não acordou, mas voltaria ao mar como sempre desejou. Sua vontade foi então respeitada, mesmo em sua ausência.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Indiferença

Sonhos são levados pela indiferença,
Fazendo da apatia sua própria crença,
Na qual o poder é um “deus” mundano,
Inalcançável ser dentro do que é humano.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A musa e o pintor

O pintor admirava a musa que pintara, num sentimento contido, que se aflorava, mesmo calado, como se as pinceladas suaves que torneavam as curvas inspiradas de pecado fossem suas mãos tocando a carne despida à sua frente.

Em conflito, parou por um instante, dando a entender que estava apenas pensando tecnicamente em sua obra. Porém, seus pensamentos o condenavam, num paraíso distante e que tão próximo seria caso parasse de transpor a beleza da donzela à sua obra e se atirasse em seus braços, transportando ao seu corpo.

Incessantemente aflito, o artista domava as pinceladas com cuidado para que a beleza desconcertante de sua musa se transpusesse fielmente ao quadro. Lutava com sua imaginação, entre os desejos carnais e a pureza de seus traços suaves.

Sem dúvida, desejava que os traços que reproduzira estivessem entregues a si mesmo, apesar das barreiras que a própria introspecção lhe impôs.

Entre os dois, o ofício que os separava. A tela, conduzida como na realidade pelo pintor, preenchia o vazio dos seus desejos com as tintas, em que os tons coloridos surgiam como se fossem algo para consolá-lo, visto que o que sentia talvez fosse um amor utópico, que ficaria marcado na sutileza dos traços eternos, porém distantes, intocáveis.

Despediram-se!... Após elogios calorosos à obra de arte em que foi retratada, a moça caminhava para sua casa admirando a fidelidade dos traços, num sentimento encarado pela mesma com estranhamento.

Passaram-se dias e a moça se admirava na pintura. Espantou-se pela fidelidade com que o pintor conseguira reproduzir seus detalhes.

Porém, demorou a perceber o que lhe chamaria maior atenção. No lugar da assinatura discreta da obra, estava escrito: “Amor”.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Além da noite

É o medo que torna a noite refém
Da inquietude que se adentra além.

Submissamente calada,
Testemunha, iluminada,
O quebrar de sua própria paz,
Num silêncio que não satisfaz...

terça-feira, 12 de outubro de 2010

O néctar dos teus lábios

Tua boca pede, ao se entregar,
Meu desejo, que pousa em ti,
Na nossa carne, a aflorar.

No doce sabor dos teus beijos,
A fonte de um amor intenso,
O mais celeste dos desejos!

A cama, um paraíso imenso
De dois corpos que se tornam um,
No calor do especial momento
Em que o prazer se faz comum!

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Esperar-te

No vazio das palavras que não ouço,
Espero que tua voz encontre a minha...

...Porém, desespero-me calado,
Pois não ouvirás minha alma
Nem a carne que grita teu nome,
Ecoando versos de amor,
Explicitando minha dor!

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Noturno Sentir ou A voz do coração

A noite ouve a aflição inquieta
Que em silêncio sente o poeta!

Nos calados dizeres,
Lágrimas e prazeres!

Nos subjetivos versos,
Sentimentos diversos
Na insônia a aflorar!

É a voz da alma, livre, a palpitar!

sábado, 2 de outubro de 2010

O bêbado...

Numa esquina próxima, buscou consolo em um bar. Afogava as mágoas que caíam no copo, com a miséria e as lágrimas a transbordar.

Seu corpo, errante, fora então abraçado pelas ruas vazias na madrugada.

Inconsciente, era apenas dor ambulante. Uma dor que enganava a realidade; a dor de ser e também a de sentir todas as frustrações que o fato de ser lhe causava.

Zé acordou com o barulho dos carros. Sua ressaca foi interrompida pela tempestade urbana que rodeava a rua. A realidade voltava a surgir na medida em que as pessoas apareciam como fantasmas que o relembravam todo o caos que havia esquecido.

Levantou, meio sem graça e sem equilíbrio, e lembrou que estava atrasado para o trabalho. Dormira na rua, como um vira lata. Precisava voltar para casa, pois estava “um lixo”, mas já não tinha tempo suficiente.

Já nem lembrava o motivo de estar ali, largado na rua e já sem sua carteira, mas sabia, quase que mecanicamente, que teria de se apresentar no trabalho. Disse a si mesmo um desaforo e foi correndo para a empresa.

Após dar uma desculpa e levar uma bronca pesada de seu chefe, sentou-se na cadeira e viu aqueles relatórios de tarefas acumulados com indiferença. Brigava, agora, com o sono de uma noite mal dormida e a rotina de seu dia a dia.

Depois das horas extras que havia trabalhado para compensar seu atraso, saiu da empresa, já bem tarde.

Chegou, enfim, em casa, bem cansado, ainda que sem o peso das responsabilidades, apesar de estar sobrecarregado. Viu, logo em seguida, uma velha garrafa de uísque sobre a mesa. Esquecera que a havia colocado ali e o motivo da presença do objeto já não aparecia com tanta importância na cabeça de Zé, o que não o impediu de aventurar-se dose por dose no conteúdo atraente da garrafa. E assim foi levado, gole por gole, ao prazer instantâneo e letal.

Saltou pela janela e, assim, deitou-se novamente entre as ruas vazias... Será que o mundo o ouviria agora?

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Sinal vermelho

Sigo, por esta estrada, incessante,
Pois Amor é um destino distante:
Já não te vejo ao meu alcance...

É apenas o vento que toca esta face!
Em desespero, o frio à carne invade...
Em tua ausência, o inútil escape
De fugir dos pensamentos em que tu habitas...

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Distante desejo

Porque te quero, se ter-te é sonho,
Utopia que meu corpo clama
Incessante pela tua chama,
E que ao coração faz enganar,
Nas noites frias ao luar,
O próprio corpo a te procurar?

domingo, 26 de setembro de 2010

Um poema tricolor (ao Fluminense Football Club)

Com a bola leva-se um destino,
Que pela esperança é carregado!
É o amor que faz à rede tocar
A paz que corre pelo gramado!


Corações gritam na platéia
A concretização de um gol!
A cada jogo, uma odisséia!
Mais que esporte, um show!
Orgulho de ser tricolor!

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Submundo

É nas ruas desertas
Que o luar abriga
As almas incertas!

Sombras discretas?
Solidão pela esquina
Da carne inquieta...

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

A Gente

Um povo que luta com os pés descalços
E a fé em superar quaisquer percalços,
Expostos na alma da gente guerreira
Que na luta diária levanta a bandeira
De seguir em frente e encarar a rotina
E, em meio à guerra, buscar a vida...

Dói...

Das rosas, escolhi espinhos
Pois da dor é a realidade
Neste íngreme caminho
Por onde passa a saudade...

domingo, 12 de setembro de 2010

Samba - a oração do povo!

O samba tocado no morro
Não tem o volume de tempos atrás
Da época que cantava o povo
Como oração de luta e de paz

Mas ainda canta apaixonado,
O povo que desce e sobe cansado,
Vivendo no diário sacrifício
D’um ingrato e qualquer ofício

Chega, porém, o fim de semana!
No samba, é o povo que clama!
Entre dores e direitos ausentes,
Sua voz grita com liberdade,
Na sagrada poesia da realidade!

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Caminho perdido

Perco-me em distantes pensamentos...
Nos trilhos já dispersos pelo vento,
Caminho à procura de algum momento,
Qualquer concretização do sentimento
Que faça acabar com o infindo lamento
Desses dias vazios e incompartilháveis...

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Cais abandonado

Vejo além, no teu sorriso:
Um sentimento escondido,
No canto de teus lábios mornos...
Quão frio e intocável é meu destino
De num sorriso alheio, ver-te pousá-los!

Voaram para longe dos meus!... Restou o vento,
Tornando meu sorriso cais abandonado...
Só o vazio tocando minha fria face,
Trazendo memórias, entre lamentos,
De um invisível momento,
Em que o desejo nega a realidade...

terça-feira, 17 de agosto de 2010

A alma de um palhaço triste

Nunca soube seu nome. Era um palhaço que transbordava alegria por onde passava, deixando sorrisos e calando choros nas faces inocentemente frágeis das crianças, mantendo-as entretidas, como uma forma de encantamento. Sentia-se, aparentemente, recompensado pela humilde vida de plantar sorrisos por todos os cantos.

Espalhava felicidade! O que daria errado para um ser tão satisfeito com tal função? Passei, então, a vê-lo ocasionalmente chamando a atenção das pessoas pela praça, de forma performática e ao mesmo tempo sincera. Parecia querer contar algo. “Que tipo de segredos teria um palhaço?”, cheguei a pensar, como um mistério banal. Despedi-me do ser saltitante com um simples aperto de mão e um sorriso, sem alimentar minhas dúvidas.

Dias se passaram e eu o via na mesma praça, sempre entretendo as crianças que por ali circulavam. Para minha surpresa, ele me reconheceu e veio até mim, até que me cumprimentou. Como sempre fui um homem fechado e tímido, nunca esperaria chamar a atenção de um palhaço, um ser de alegria tão exposta e tamanha extroversão.

Com o tempo, passei a elogiar e a bater palmas para as performances do palhaço, admirando sua alegria como uma forma de arte. Porém, a dúvida pelo motivo de eu ter sido escolhido como seu amigo e espectador permanecia como algo surpreendente.

Depois de muito tempo, já sob chuva e frio, passei pela praça ao caminhar despretensiosamente para o trabalho e lá estava o palhaço. Desta vez, parecia esperar as crianças que não compareceriam. A máscara do palhaço estava borrada e comecei a reparar nos defeitos e no lado humano daquele artista, que manteve um sorriso, ainda mais humano, calado, porém com uma lágrima sincera e real, algo que eu nunca tinha reparado naquele ser. Então, ele disse, com um sorriso sincero e discreto: “Obrigado por compreender minha dor. Finalmente, alguém entendeu que sou humano!"

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Desejos da carne...

Há dias em que a carne clama!
Aflitos corpos envoltos pela chama,
Implorando calados a quem se ama,
Fazendo da carne sua própria cama...

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Lamentar

É sustentar saudosamente a dor,
Desenterrando desta algum valor
Que se fez além do passado vão,
De memórias que não voltarão...

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Pobre garoto...

Quero ser parte da massa
E, como um moleque qualquer,
Brincar com a própria desgraça!

Ver graça nas chamas
Da guerra cotidiana
E escapar por um triz
Dizendo o quanto sou feliz...

Se me engano ou tenho fé?
Apenas me mantenho de pé
Para poder dizer um dia:
“Prazer! Sou José!”

terça-feira, 25 de maio de 2010

A indecisão humana

É uma eterna questão
Entre o sim e o não,
A flor e o canhão,
Suportando o conviver
Dentro do mesmo ser!

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Vida incontrolável!

Escondi desse mundo de acaso
Uma vontade de viver qualquer,
Segura de qualquer decepção,
Guardada num quarto fechado,
No frágil conforto da reclusão!

Porém, ela avançou, indomada!
Jogando-me para fora do nada,
Aos poucos, fez da minha morada
Um mundo do qual tornei estrada!

domingo, 2 de maio de 2010

Uma ideia...

...Brotou de repente,
Alimentando a mente,
Num sentir clemente
A se propagar...

Voou, livremente,
A toda uma gente
Que se pôs a admirar!

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Marcas

Passou-se um momento,
Deixando seu rastro
Em forma de lamento
Nas páginas que rasgo...

Já rasguei qualquer lembrança viva
Mas a mesma ainda me escraviza,
Como fantasma a me atormentar,
Indesejável a me acompanhar!

sábado, 27 de março de 2010

Memórias

No deserto campo
Em que habita a alma,
A invisível realidade!
Seria apenas brisa que bate
Ou calafrio de saudade?

Passada já por mim a brisa,
Restou apenas a lembrança
Que carece de esperança
De voltar a ser um dia carne...

quarta-feira, 24 de março de 2010

Rastros

De passos errantes
Caminha a humanidade!
Entre zumbis ambulantes
E sanguínea vaidade.

Miséria herdada

Na esperança da colheita em pedaços
Caminha um povo manco, insustentado!
Massivamente explorado
E miseravelmente herdado...
Infrutífero suor que implora
Dessa gente, que calada chora
Na carne que tem agüentado
Resistir como se fosse gado...

sábado, 20 de março de 2010

Restos humanos

De uma caótica humanidade,
Restaram apenas bandeiras erguidas,
Numa falsa superioridade,
Manchadas violentamente
De sangue e desigualdade
D’um povo já indiferente:
Escravos de um poder que mata
A vida de sua própria gente...

sexta-feira, 19 de março de 2010

Ruas de afeto

Pessoas passam urgentes
Deixando seus rastros carentes
De afeto por uma rua, já vazia,
Depois de as sustentar, noite e dia,
No corre-corre do dia a dia,
Com seu solo pisoteado,
Acolhendo inevitavelmente
Garotos de infância perdida
Cobertos por um sonhar descrente
E expostos em qualquer esquina.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Um minuto de silêncio...

Instante de clemência inútil:
O respeito à ausência
Que cala a ignorância,
Interrompendo por hipocrisia
O lamento dos sem importância

Aqui jaz mais um João!
Apenas a lembrança em vão
Das marcas da sua mão,
Expostas invisivelmente
Nos edifícios que construiu,
Erguidos inutilmente...

Alcançaria o céu agora
Ou seria eternamente
O desencanto de seu expediente?

domingo, 14 de março de 2010

Poesia

Alma exposta
Em palavras,
Como resposta
À vida,
Que em idéias floresce!
A inspiração descrita,
Que aleatoriamente cresce
Na infinitude do sentimento
Subjetivamente explícito
Tocando de novo a alma por um momento.

sexta-feira, 12 de março de 2010

O salto

Por caminhos de mistério
Pelos quais vaga a vida,
Deixou seus graves restos...
No coração, a ferida!
Tenebroso vazio que lhe invadia
Por ter aquela alma vadia...
Sentiu profundo arrependimento,
Tão profundo que a carne atingiu!
Respirou por um momento,
Pulou e ninguém mais o viu...
Enfim, o vazio exposto!
A importância inútil da tragédia, crua,
Demonstrando todo seu desgosto...
Por ele interditou-se toda uma rua!

quinta-feira, 11 de março de 2010

Vida!

Olhava pela janela...
Vida correndo!
Sumiu, deixando
Apenas os restos
De uma ausência
Ignorando minha clemência
Transbordando impaciência...

quinta-feira, 4 de março de 2010

Preguiça cega

Num dia tranqüilo,
A preguiça solta berros
Fingindo ligar
Para o ingrato destino
Pois é mais fácil ser cego
Do que enxergar!

quarta-feira, 3 de março de 2010

Miragem de um momento

Uma brisa se faz carnal,
Num horizonte de esperança!
Ou voaria pelo vazio da lembrança?
Avisto uma miragem monumental:
Inspiração aos poetas fundamental,
Em seu efeito mais cruel,
Levando-me ao mais furioso céu,
Entre nuvens de decepção...
Intocável fatalidade!
Toca apenas o coração
Num instante de saudade!...

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A cara dose...

O fino vinho que a elite prova,
O sangue do povo, que escorre
Na ambição de bocas gulosas
Se divertindo com tudo o que morre...

Na crueldade sutil da ignorância,
Jogamo-nos como restos...
Sim! O egoísmo cego,
Donde somos, simplesmente,
Caça e presa de nós mesmos...

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Abatedouro humano

O gado caminha, explorado
Por poderosos, injustiçado
Marcha rumo ao abatimento
Sustentando a desigualdade
Manipulado, aos poucos, morrendo
Pela miséria justificada pela vaidade
A carne banhada de um injusto suor
Prato cheio para os “escolhidos”
Que, por uma crueldade bélica,
Sustentam ideais mortos e restritos...

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Passeio vão

Sigo tranqüilo, sem rumo,
Indiferente às ruas calmas
Que me guiam insistentes e retas
Na falta de uma caridosa alma...

Então, em sua imensidão, sumo.
Das ruas, me torno o consumo
No morto e urbano caminhar
Que apenas trilho por trilhar...

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Ambição

Cegueira que nos homens invade,
Sejam eles poderosos ou não,
O egoísmo mais cruel que bate
No coração do homem é a ambição!...

É toda a ética ferida
No coração vendido
De um soldado, que briga
Por um ódio cego, perdido

Mortal ideologia!
Entre a miséria e a orgia,
Ri algum líder d’um falso ideal
Alimentado pelo povo,
Sustentando seu próprio mal...

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Esperança em pedaços

Piedade ninguém cede
Ao garoto largado
Que, na esquina, pede
A esperança em pedaços

A pobre criança
Futuro não alcança
Ao chão sujo se lança,
Pisoteado cruelmente
Por aqueles que não sentem
A doença social,
Que já se torna normal!
Num caos organizado,
Ambição por todos os lados!
O que resta? Apenas da miséria ser tomado...

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Desordem e algum progresso

Exércitos, corpos e fiéis
Descritos em quaisquer papéis...
O caos banalizado
A um povo desacreditado,
Que busca na utopia
De se enganar a cada dia,
Pequenos progressos
A troco de esmola,
Calando os versos
De um hino inverso
Que esqueceu de ser cantado
Na esquina de algum senado...

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Mistério de um segredo...

Hoje, resolvi
Acreditar no que,
Um dia, vi:
Não acreditei que...

...Um dia, pudesse ver
Tal acaso acontecer!
Um caso inesperado,
Quem teria acreditado?

Meu Deus, quanta sorte!
Ou seria, talvez, azar?
Levarei este segredo à morte
Pois ninguém iria acreditar...

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Musa das noites em claro...

Te quero em noites brancas
Para preencher meus sonhos!
Te espero, vagando em desejo
Mas as noites passam e não te vejo...

Os sentidos pedem
A voz macia num soprar
Que o vento vem trazer,
Ainda que a me enganar...

Quando chegarás, minha flor?
Fico a te esperar, em dor,
Como um beija-flor
Que espera, eternamente,
Que brote seu amor...

No trem...

As lembranças que ficarem
Por onde esses vagões passarem
Não passarão de miragem,
Memórias de breve passagem...

Sobre o caminho, já cansado,
Deixando para trás o passado,
Viaja em sonhos incertos
O passageiro, aliviado
Numa viagem sem destino
Pelos árduos caminhos da vida...

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Tuas curvas!

No horizonte macio,
Deitam tuas ondas
No meu corpo, suavemente!...
Num calor envolvente,
Envolvemo-nos de prazer,
Assim, formando um só ser.